O título não reflete o que de fato se passou sábado e domingo. Na verdade apenas a Língua Portuguesa me obrigou a usar a palavra FIM, pois na verdade se trata de um começo, não é um recomeço, é o INÌCIO mesmo. Ficaria assim o título: O Começo da Semana.
Esses últimos dois dias (não vou mais usar a palavra FIM) foram importantes sob vários aspectos e desde então venho fazendo comparações da minha vida com a corrida. Sim, eu posso, o Lula compara a Economia e o futuro do país com jogos de futebol e outras analogias imbecis...e estou em dia com minhas obrigações!
A principal comparação é o fato de a prática da corrida ser um lance bem solitário. E eu estou sozinho agora e confesso que isso causa um medo danado! Na tentativa de ‘anular’ esse medo, procurei estes últimos dois dias (não posso falar aquela palavrinha ali de cima que começa com F) praticar bastante atividade física: caminhei, corri, pedalei. Caminhei outra vez, corri mais uma vez. E, eu estava sozinho.
Mas não significa que estava triste, porque eu realmente não estava. Estava com um pouco de medo, só isso. E, já que eu corro sozinho, e isso me faz muito bem, me mostra que posso sentir, pensar, planejar, ou só ‘apagar’ tudo que tem no cérebro, e ficar tentando cantar inconsciente as músicas em Inglês da minha vitrolinha (só sei em Inglês ‘the books on the table e open the door’). Sendo assim, eu concluo que posso seguir sozinho.
E o melhor da corrida é estar sozinho. A corrida não permite ser ajudado por outro, não naquele momento da prática, ali é você e mais ninguém. As canelas são só as suas; só há dois pulmões e um coração irrigando sangue, e eles são os seus. Na hora em que você está correndo as decisões não podem ser compartilhadas, é você quem decide qual o ritmo, qual o percurso, quando parar.
E assim é que estou tentando seguir nas demais áreas dessa vida maluca. É eu e pronto, não cabe no meu caso: ‘É nóis na fita’. E isso não significa que tudo vá dar errado. Ao contrário. Tudo vai dar certo; ambiente novo, endereço novo.
Ontem fechei a porta do meu antigo endereço, levava duas malas, tudo que era meu estava ali, nessas malas. Levei 10 minutos, ou menos, para arrumar tudo e sair. Foram 10 minutos bem difíceis.
Meu irmão, Silvio, foi me dar uma força. Confesso que na hora quase embarguei. Mas não olhei para trás, simplesmente fechei a porta e fiz de conta que estava indo ali e logo voltava; foi a forma de segurar o tranco. Lá, do lado de dentro, ficaram anos maravilhosos, um lar que me parece ter sido feliz e confortável, apesar dos poucos metros quadrados. Ficaram alguns sonhos, o Whit e a Kika.
Do lado de fora, foram embora duas malas (uma estava bem vazia, só calçados), eu e meus novos sonhos, que certamente não cabem em duas malas e isso é o bem mais precioso que eu tenho agora, imaterial, mas bem palpável. Não me importa a cor da minha nova casa, o tamanho da minha geladeira, e a minha cozinha planejada.
Daqui para frente os poucos metros quadrados de conforto não são mais importantes, ao menos não são condições para me dar segurança alguma. Minha geladeira não será Frost Free, e não terei um ar condicionado split. E que se dane! Eu terei o meu conforto, que nada mais é do que minha paz de espírito e, na próxima mudança de endereço eu não vou sofrer tanto.
Esses 10 minutos em que arrumei minhas tralhas foram penosos; mas os meus 10 primeiros quilômetros que eu consegui correr (eu lembro exatamente o dia, era à noite e quando eu consegui fechei os olhos e pensei ‘coisa linda eu consegui!’) também foram complicados.
A recompensa muitas vezes não acontece de imediato, pode levar algum tempo, mas se o esforço for demandado e não houver maldade nos gestos e atitudes, certamente ela virá, e duas malas serão poucas, assim como 10 km para mim é troco de padaria!
Agora vocês me dão licença, porque a corrida maluca começou hoje e estou empolgado.